Sobre o suicídio de mais um jovem pastor
Voltando para casa após uma reunião pastoral, vi a notícia de mais um suicídio de um jovem pastor. Tudo o que sei é que ele lutava com a depressão e estava se tornando uma voz sobre a saúde emocional de pastores e ministros.
Vi hoje na postagem de um amigo que dirige uma fundação para descanso e restauração de líderes que esse mesmo pastor o procurou no mês passado, mas não havia vagas naquele momento.
Não conhecia esse pastor, assim como não conheci tantos outros que tiraram suas vidas nos últimos anos. Não posso e não devo julgar suas vidas e motivações. Em vez disso, oro por suas famílias e igrejas.
Todavia, estando no ministério há tanto tempo, arrisco oferecer alguns apontamentos para ajudar aqueles que já estão ou consideram entrar no ministério pastoral.
O fato é: o ministério pastoral verdadeiro é difícil. Por isso, o primeiro e fundamental requisito é o forte senso de chamado, a vocação. É a convicção interior (o chamado no coração) atestada pelo testemunho exterior (a confirmação da igreja) que constitui o chamado como uma força para enfrentar tempos de oposição, tribulação, desânimo, fracasso e solidão (e acredite-me, não serão poucos). Aquele que é chamado sabe que desistir não é uma opção.
Além disso, pastores precisam servir pelas motivações certas. Se uma pessoa entrar para o ministério tentando provar algo para si mesma ou para outrem, estará numa trilha perigosa que poderá terminar mal. Haverá sempre a tentação da busca dos holofotes, do prestígio, do senso de poder e, em alguns casos, do lucro pessoal. Cair em qualquer dessas tentações faz do ministério um negócio meu - em vez do Senhor - que eu devo lutar para manter e obter sucesso a todo custo, sempre competindo com outros ao meu redor.
As perguntas fundamentais aqui são: Por que desejo fazer isso? Quem busco agradar? A quem estou servindo? De onde estou extraindo o vigor para ministrar? A única resposta certa para tais perguntas é: Jesus.
Por último, pastores precisam aprender a arte de “cortar e afiar” (como certa vez disse Gordon MacDonald), respeitando o schabat, mantendo um ritmo de pausas regulares para restaurar a alma. “Cuide de si mesmo” vem antes de “cuide do rebanho”, lembrando sempre a quem pertence o rebanho (é de Deus, não nosso).
Se negligenciarmos isso, o ministério poderá tornar-se um fardo insuportável que nos esmaga a alma, roubando de nós o prazer de servir com alegria. Quando isso acontece, ainda que tenhamos fama de estar vivos, na verdade, já estamos mortos.